“Meu Deus! Meu Deus!
Por que me desamparaste?” (Mt.27.46)

Jesus não orou: Meu Pai! Meu Pai! O horror da cruz não parecia compatível com o tratamento que seria de se esperar de um Pai. O que se pode observar, porém, é que o abandono a que foi lançado, não O fez abandonar a Deus. Se Deus, naquele momento, não O tratava como Pai, nem por isso deixava de ser Deus.

Há quem abandone a Deus, quando sob intenso sofrimento e injustiça. Jesus não O abandonou mesmo sendo abandonado. Deus continuava Deus, enquanto Ele, a única vítima definitivamente inocente, recebia sobre Si um horror absolutamente imerecido.

Se vivermos situações que consideramos impossíveis de serem esperadas de um pai, se a dor do abandono do Pai nos dilacera o coração, que a oração de Jesus na Cruz seja a nossa oração. Que, mesmo que Ele não nos trate como seria de esperar-se de um Pai, que, para nós Ele continue Deus.

Maria Dilce de A. Leite