Como surgiu o Grupo Familiar? 

Quando em 1974, Deus nos tirou de ambiente denominacional e nos transferiu para o ambiente da Igreja do Novo Testamento, vimos a necessidade de nos organizarmos em pequenos grupos de comunhão e de estudo da Palavra de Deus. Assim surgiram, em Vitória, os grupos de Jesus de Nazaré, Horto, São Pedro e Tabuazeiro. Mas não tínhamos uma metodologia adequada como temos hoje. Mas era o que tínhamos e fomos fazendo de acordo com o que sabíamos. E assim ficamos por 12 anos, de 1974 a 1986: Este é o período que chamamos de deserto. No final de 1986 o Deronis, meu genro, falou-me de um livro que ele leu e que o impressionou, é o livro chamado “Os Grupos Familiares e o Crescimento da Igreja”, cujo autor é o irmão Paul Yong Chou. Esse livro foi-nos de grande valia, visto que nos ampliou a visão que já tínhamos e pôs diante de nós uma série de ensinos, de métodos, de explicações e de estímulos que nos possibilitaram correr a feliz carreira do estabelecimento e edificação dos Grupos Familiares no seio da Igreja em Vitória. Foi e é uma bênção o ministério dos nossos grupos familiares em nosso meio. No entanto, tem sido também, uma oportunidade de provação de nossas vidas e da busca de Deus para a solução dos inúmeros problemas que nos tem vindo em função de termos recebido de Deus essa visão. Mas Deus tem sido conosco, tem nos assistido o Senhor e o nosso trabalho com os Grupos Familiares vai continuando na base das misericórdias do nosso Deus. Assim será porque assim Deus o quer.

Que é um Grupo Familiar?

Nada de mistério. É coisa simples. É um pequeno grupo de crentes em Cristo Jesus que se reúne semanalmente de casa em casa, em torno das Escrituras Sagradas, com o objetivo de estudar, orar, ganhar pessoas para Cristo, viver a doutrina dos Apóstolos, estreitar, desse modo, entre si, a comunhão que convém aos Santos em Cristo Jesus.

Por que o nome de Grupo Familiar e não outro nome qualquer?

Porque a ênfase da Bíblia está na família. De Gênesis a Apocalipse Deus trata com famílias. Desde Adão, Noé, Abraão, Jessé, José, o carcereiro de Filipos, Pedro e um grupo sem fim de homens que tiveram suas famílias, com todos esses vemos Deus tratando com famílias. E ao término da presente era da Graça, ainda ali, Deus estabelecerá o último Casamento, a última Família que será constituída de Cristo e a Igreja. Grupo Familiar, parece-nos, portanto, o melhor nome.

Grupo Familiar tem base bíblica?

Só tem. Em síntese, At.2.46 nos fala de reuniões de “casa em casa”. Ora, essas reuniões feitas em casas, não poderiam ser da igreja como um todo, pois que grande era o número de crentes membros da Igreja em Jerusalém. Em nenhuma casa poderia caber a igreja. Esta era muito grande. Portanto, Grupo Familiar é uma realidade existente desde o início da Igreja do Novo Testamento, no Pentecostes. Interessante é observar, que Saulo de Tarso “assolava a igreja, entrando pelas casas” (At.8.3). Saulo sabia que nas casas havia crentes. Também Atos 16.15 mostra que os apóstolos foram convidados por “Lídia da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura”, a qual estava na cidade de Filipos, para entrar na sua casa e ali ficar. Entende-se que ali, na casa de Lídia, oraram, meditaram nas Escrituras, comungaram. Atos 12.12, menciona a casa de Maria “onde muitas pessoas estavam congregadas e oravam”. E para ser mais breve, findamos este item mencionando Atos 16.34, que mostra a casa do carcereiro de Filipos como ambiente em que Paulo e Silas se reuniram com a família do carcereiro, que “manifestava grande alegria, por terem crido em Deus”. Ditas estas coisas, claro está que Grupos Familiares tem embasamento bíblico, ainda que cada passagem acima mencionada possa ter ênfase diversa, como seja espírito de hospedagem, de proteção aos Apóstolos perseguidos, de fraternidade etc.. Essas possíveis ênfases vêm-nos mostrar a necessidade e a propriedade dos Grupos Familiares.

Qual a importância do Grupo Familiar para a igreja?

Sem dúvida, é de importância infinita, indizível. É algo que toca o reino de Deus, que trata da vida espiritual. Grupo Familiar é um método que a igreja usa para a edificação de si mesma, para seu crescimento quantitativo e qualitativo. Além disso, através dos Grupos Familiares, os membros da igreja têm oportunidade de realizar o seu ministério (Ef.4.12). Ninguém precisa ficar parado, inoperante. Todos e cada um pode trabalhar, servir, ministrar. É uma bênção no seio da igreja a existência de grupos familiares. Assim como o ar é importante para o homem, o grupo familiar o é para a igreja, pois através dele a igreja é edificada, fortalecida na fé e é levada, no seu todo, a ser um corpo vivo, um edifício que cresce para a glória de Cristo, seu cabeça e construtor. Podemos dizer ainda que através dos grupos familiares, por serem constituídos de poucas pessoas, seus membros podem mais bem conhecer-se pessoalmente, ficando inteirados das dificuldades que cada um tem, e ter melhor oportunidade para descobrir seus talentos podendo desenvolver de maneira mais prática seus ministérios na vida da igreja.

Como funciona o Grupo Familiar?

Funciona como parte integrante e submissa à igreja da qual faz parte, não sendo, portanto, uma igrejinha dentro da Igreja da Localidade. Cada grupo familiar, em geral, deve ter dois ou, no máximo, três irmãos ou irmãs de encargo. Irmãos ou irmãs de encargo devem ser pessoas realmente cristãs, que tenham tido experiência real do novo nascimento conforme o ensino do Senhor Jesus em João 3.1-7. Devem ter caráter sadio, isto é, devem ser irrepreensíveis, equilibradas, modestas, simples, não viciadas, aptas para ensinar, pacíficas, cordatas, inimigas de contenda, não dadas à avareza, integradas no seio de sua família, não soberbas e que tenham bom testemunho da igreja e dos de fora. Tais irmãos ou irmãs assim qualificados, pela ajuda de Deus podem levar o grupo familiar ao melhor desempenho e prática da vida espiritual de cada um dos membros do seu grupo familiar. Ao serem resolvidos os problemas particulares de cada grupo, o grupo familiar funciona como instrumento de valor incalculável para a vida global da igreja e com isso o Presbitério da Igreja fica livre de muitos problemas resolvidos nos próprios grupos.

Sobre os grupos familiares está o Ministério dos grupos familiares, o qual é representado pelo Departamento de Planejamento e Edificação dos Grupos Familiares. Assim, os grupos familiares funcionam ordenadamente sob a direção orquestrada do seu Departamento que, por sua vez, recebe a orientação geral do Ministério dos Grupos Familiares e este do Presbitério da Igreja da Localidade.

O Departamento de Planejamento e Edificação dos Grupos Familiares reúne-se, ordinariamente, uma vez por mês e extraordinariamente, reúne-se sempre que necessário para considerar o funcionamento dos grupos e para traçar metas de trabalho.

Às terças-feiras, nós da Igreja em Vitória, reunimo-nos das 19:30h às 21:30h, tempo em que o Departamento e bem assim o Presbitério consideram o trabalho dos grupos e liberam mensagens para serem transmitidas nas reuniões semanais dos grupos. Nessa noite de terça-feira também temos momentos de oração, de comunhão e de confraternização através de um lanche que invariavelmente é servido pela igreja. Muito mais coisas há que ocorrem para o bom desempenho e funcionamento dos grupos e tudo vai surgindo sob inspiração e orientação que Deus dispensa aos dirigentes dos trabalhos.

Ainda, em tempo, explicamos a questão de dois ou três irmãos de encargo. É o seguinte: Colocamos um irmão ou irmã mais bem treinado à frente e com essa pessoa mais bem treinada pomos uma ou duas pessoas menos treinadas, para que dentro de seis ou doze meses tais pessoas adquiram treinamento suficiente para serem postas na direção de outro grupo que deve surgir. Aqui em Vitória nós chamamos de boi velho, o irmão experimentado e de boi novo, o irmão menos experiente. Ambos colocados na mesma canga e assim, ajudam-se mutuamente e crescem para a glória de Deus Pai.

Como deve ser constituído um Grupo Familiar?

Não deve haver uma norma rígida. Devem-se levar em consideração as circunstâncias locais. Estas determinam as normas particulares para a formação de um Grupo Familiar.

Em nossa experiência, um grupo familiar deve ser constituído de sete a dez irmãos, dentre os quais são tirados dois ou três irmãos ou irmãs para serem pessoas de encargo sobre o grupo. Quanto possível, esses irmãos membros do grupo devem ser residentes próximos uns dos outros para facilitar os seus encontros. Também, sugerimos o número de sete a dez membros do grupo para que caibam dentro da sala da casa da família hospedeira da reunião, visto que tem-se de contar com a presença das pessoas da família e, ainda, dos visitantes.

Nenhum grupo familiar deve ser constituído sem o expresso reconhecimento e aprovação do seu Departamento ou do Presbitério da Igreja.